Troca de Saberes 2013 - Ourém-PA
Ao ver Iuker dos Santos, 8 anos, e Iuri
Silva, 9 anos, sentados em baixo da sombra de uma frondosa arvore as
diferenças inexistem. São apenas dois meninos com menos de 10 anos, dois
garotos que estão aprendendo a tocar banjo e que gostam de brincar nas
toadas de boi. Entretanto, as familiaridades encerram por ai. Iuker vem
de uma comunidade Quilombola do município de Ourém, o Mocambo, e é um
dos pouco garotos do quilombo que pega a condução municipal para sair
da zona rural e chegar na escola que estuda e fica localizada no centro
da cidade. Iuri vai de carro para escola particular que estuda em Belém.
Mas, apesar das diferencias sociais Iuker e Iuri confraternizaram os
saberes debaixo daquela sombra e por ali ficaram um bom tempo, entre
brincadeiras de menino e canções de boi.
Esse é o intercâmbio
social que a ação “troca de Saberes” (TS) propõem, juntar
agentes diversos para a confraternização de saberes. E assim no segundo
final de semana de abril, pela terceira vez, oficinas foram realizadas
simultaneamente durante duas semanas no município de Ourém e no bairro
do Satélite, vivências foram realizadas nas comunidades, encerrado a
ação em um grande cortejo cultural pelas ruas do município do interior.
Oficinas de canto, percussão e de montagem de adereços foram
ministradas com um conteúdo decido a partir das informações colhidas e
decidas em vivências nas comunidades. 60 jovens em Belém e 60 agentes na
comunidade do Mocambo ensaiaram as mesmas músicas, os mesmo passos, os
mesmo toques no tambor.
Quando se encontraram a língua falada
era a mesma: a do respeito às diferenças, admiração aos mestres e da
cultura popular. Tudo retratado num cortejo que continha garotos
equilibrados em enormes pernas de pau,palhaços, poetas paraenses, cores
nas fitas dos chapéus, índios Tembés pintados pra festa, mestres de boi,
mascarados, a biblioteca itinerante “Barca das letras” e música.
A população de Ourém apesar da proximidade aos muitos mestres de
cultura popular (Ceguinho, Cardoso, Tuíte) atualmente veem poucas
manifestações populares na rua. “Esse movimento aqui nas ruas é
importante a gente no interior nunca tem nada pra ver e a garotada se
diverte”, afirmou o morador José Maria dos Reis.
Muito mais
bronzeado do sol que acompanhava os banhos de Igarapé Iuri, tocador de
maracás no cordão do Orube, me diz que quer aprender a tocar banjo e
barrica, e que quer voltar à Ourém “foi muito legal, quero voltar aqui
pra tocar barrica nas ruas” e Iuker versador e tocador de pandeiro, da
pele constantemente bronzeada, me afirma “quero ir em Belém tocar
também, mas quero mais é que eles voltem aqui pra nos ver”. E como diz o
mestre do boi Geringonça, Tuíte, de 75 anos de idade,em uma das suas
canções : Cada uma cultura que a gente conhece, a gente aprende muito
mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário